sábado, 27 de fevereiro de 2010

Líder indígena de Mato Grosso do Sul é tema em espetáculo teatral


O Teatro Imaginário Maracangalha dá partida ao processo de criação do espetáculo de rua, “Tekoha -Ritual de vida e morte do Deus Pequeno”, que narra a trajetória do líder indígena guarani Marçal de Souza e sua resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas. O grupo foi contemplado pelo edital do Fundo Municipal de Fomento ao Teatro da Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande - FOMTEATRO/FUNDAC.
Fernando Cruz, diretor da montagem, há mais de 10 anos vem amadurecendo a proposta deste projeto. A força das palavras de Marçal de Souza, caladas há 26 anos, ainda pulsa fortemente entre os guarani, e relembrar esta história exigia do grupo um entendimento mais amplo, um olhar antropológico, histórico e político. “A partir da história de Marçal, pretendemos abrir uma reflexão sobre todas as lutas travadas pelas populações excluídas; lutas que traduzem a resistência de um povo e a garantia de melhores condições de vida. Isso nos remete aos povos quilombolas, aos movimentos populares e sociais, entre tantos outros. Marçal de Souza se correlaciona com todas essas causas.” Afirma Cruz.
A palavra que leva o nome do espetáculo, TEKOHA, tem um significado muito peculiar para o povo Guarani. “Teko” significa modo de estar, sistema, lei, hábito, costume. Tekoha, assim, refere-se à terra tradicional, ao espaço do pertencimento da cultura guarani. É no Tekoha que os guarani vivem o seu modo de ser. O Teatro Imaginário Maracangalha, quer fazer da rua a representação deste espaço tão sagrado aos Guarani.

A equipe de criação do espetáculo é composta por 12 pessoas, e todas têm participado desde dezembro de 2009, de um intenso processo de pesquisa conduzido pela historiadora Patrícia Rodrigues. São dois encontros por semana, onde a troca de informação através de recursos audiovisuais, materiais para leitura e referências teóricas tornam-se os elementos essenciais para a construção de uma leitura crítica e de um entendimento mais amplo sobre a luta guarani em Mato Grosso do Sul. “É imprescindível o estudo e leitura para a construção do espetáculo, o processo de pesquisa é fundamental para os atores e toda equipe. Temos que ter a percepção da correlação de força envolvida, e que representam o poder como um todo, compreensão para poder levar à rua a história deste homem, revelar o que aconteceu, e o que continua acontecendo." Afirma Cruz.

A história de vida do líder Marçal de Souza, será representada por cinco atores em cena, tendo como linha condutora a morte e o conflito no julgamento, além de uma leitura contemporânea do papel das instituições como, imprensa, igreja, poder público e latifúndio, envolvidas no contexto de sua morte. Marçal, travou o principal embate político em Mato Grosso do Sul em relação aos direitos dos povos indígenas, principalmente aos guarani - nhandéva, sua etnia. Incansavelmente, denunciou a invasão de terras pelos fazendeiros, explorações e ilegalidades acerca do desrespeito com as populações tradicionais, e logo foi alvo de perseguição dos latifundiários da região, recebendo intimidações e ameaças até ser assassinado em 1983. Os acusados por sua morte foram julgados, mas absolvidos.
Para levar isso ao público, o grupo irá utilizar elementos de rua a partir de pesquisa cênica fundamentada em Augusto Boal e Bertolt Brecht, onde as representações que identifiquem os elementos em cena, no caso, o opressor e oprimido, sejam destacadas pela relação antagônica entre ambos.
A realização desta peça cumpre um importante papel social à sociedade sul-mato-grossense, pois, ao aliar história e arte, através de formas alternativas de difusão, é possível resgatar a memória deste grande homem e estimular uma reflexão sobre a questão indígena da região. O espetáculo será apresentado em comunidades indígenas da capital, como Aldeia Urbana Marçal de Souza, Aldeia Água Bonita, e na Praça Ary Coelho. .
A estreia está prevista para primeira semana de Abril. Todo esse processo de elaboração, montagem e pesquisa estarão publicadas no blog do grupo, e podem ser acessadas pelo endereço www.tekohamarcaldesouza.blogspot.com


FICHA TÉCNICA
Direção: Fernando Cruz
Elenco: Emmanuel Mayer, Lika Rodrigues, Aniela Paes, Camilah Brito, Mauro Guimarães
Pesquisa: Patrícia Rodrigues
Alegoria: Lício Castro
Cenografia: Zé Eduardo Calegari Paulino
Figurino: Ramona Rodrigues
Produção: Ana Capilé, Pietro Falcão e Renderson Valentim
Sistematização de conteúdo e Assessoria de Imprensa: Rafaela Muniz

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

“A política como dimensão da cultura, e não o contrário”







Por Walter Sorrentino
Alexandre Santini é o comparsa de hoje no conversa.com. Ele atuou na UJS e hoje integra a coordenação do coletivo de cultura do PCdoB. Mas suas principais credenciais não são essas. Dramaturgo e diretor de teatro, é um sujeito brilhante, criativo, cativante. Ele está desenvolvendo, junto aos companheiros do CUCA da UNE de todo o país, o projeto de um espetáculo teatral com o título provisório CUCA Conta o CPC da UNE. O título é uma citação e homenagem antropofágica ao ciclo de espetáculos musicais do Teatro de Arena de SP iniciado em 1965 com Arena Conta Zumbi, depois Arena Conta Tiradentes e que chegou ao auge com Arena Conta Bolívar, em 1969/70. Tratava-se de espetáculos musicais, altamente elaborados, que mesclavam a forma épica e a dramática, e representam uma linha de continuidade e avanço das propostas dramatúrgicas do CPC.

Deixemos a palavra com ele, que me disse, carinhosamente, que se sentiu como se fossemos ambos personagens de Rasga Coração. Quero dizer que aprendi muito com a entrevista e recordei dos tempos de teatro estudantil onde iniciei minha vida política.

Alexandre, como é a peça, como surgiu a ideia e quem a escreveu?

Entre 2008 e 2009 fui coordenador geral do CUCA da UNE e sempre persegui o objetivo de consolidar o CUCA como um espaço de produção e criação artística, que reunisse estudantes, artistas e fazedores culturais com o objetivo de pesquisar uma linguagem artística mais próxima das características e das necessidades da cultura do povo brasileiro. Ao encerrar minha gestão no final do ano passado, livre das responsabilidades da coordenação geral, pensei que a melhor contribuição a oferecer ao CUCA neste momento seria como artista, através do meu ofício teatral. Conversei com alguns parceiros do CUCA, que são colegas de teatro, propondo que fizéssemos uma pesquisa, uma releitura, um mergulho profundo numa das mais importantes experiências da vida cultural brasileira, com a qual o CUCA tem uma filiação histórica direta: o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE. Do interesse comum neste diálogo entre as experiências do CUCA e do CPC surge a proposta deste espetáculo teatral, intitulado CUCA conta CPC da UNE. E o método de trabalho é ousado: todo o processo de criação do espetáculo vem sendo desenvolvido em rede nacional, com ensaios presenciais de um núcleo gerador reunido no Rio de Janeiro, e um intenso trabalho virtual através de ferramentas da internet, reunindo artistas de pelo menos oito estados. Ou seja, fazendo também “ensaios virtuais” e construindo a dramaturgia a partir de um processo colaborativo nacional. Tem sido uma experiência muito interessante e enriquecedora, na forma e no conteúdo.

Parece que tem a forma de um auto. É isso mesmo?
Sim, os autos são uma forma espetacular existente desde a Idade Média, cujas características fundamentais estão presentes em diversas manifestações de teatro popular ao longo da história. Diversas formas espetaculares, desde as peças de Shakespeare até os desfiles de escolas de samba, se utilizam de estruturas cênicas e narrativas bastante próximas aos autos. Os autos são uma forma ao mesmo tempo épica e dramática de contar histórias, seja de um indivíduo, de um povo, de um mito, lançando mão de todos os recursos cênicos possíveis: versos, narrativas, música, imagens… O tema, ou enredo, é o que dá unidade a tudo isso. É uma forma de espetáculo com grande poder de comunicação e fácil compreensão. O próprio CPC lançou mão dessa forma de espetáculo, com o Auto dos Noventa e Nove Por Cento, escrito por vários autores, entre os quais Vianninha, Armando Costa, Carlos Estevam Martins, Cecil Thiré, e até o Marco Aurélio Garcia, hoje assessor internacional da Presidência da República, que na época era do núcleo de dramaturgos do CPC. Esta peça talvez tenha sido uma das experiências mais interessantes da dramaturgia do CPC, justamente porque sua estrutura possibilitava uma facilidade de comunicação imediata, sem necessidade de reducionismos, mensagem diretiva. O Auto dos Noventa e Nove Por Cento é um texto irônico, engraçado, que consegue ser crítico e didático sem perder o bom humor, é popular no melhor sentido do termo. Será muito bom se conseguirmos trazer esse clima para a encenação de CUCA conta CPC da UNE.

Leia a entrevista na íntegra, acesse www.vermelho.org.br/blogs/wsorrentino/

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba abre inscrições para estudantes brasileiros

A EICTV comunica a todos que estarão abertas até o dia 10 de março as inscrições para o Processo Seletivo 2010/2013. As provas serão aplicadas nos dias 12 e 13 de março em Belo Horizonte - MG, Recife – PE, Florianópolis – SC, Campo Grande - MS e Belém -PA.

Serão oferecidas sete especializações - Produção, Roteiro, Direção, Fotografia, Som, Documentário e Edição. Cada candidato deverá optar por uma destas especializações.

Do Brasil, serão selecionados de quatro a seis candidatos que irão fazer parte de um grupo multinacional de 40 estudantes da América Latina, Caribe, Estados Unidos, África e da Comunidade Européia. O curso tem duração de 3 anos. O início está previsto para setembro de 2010 e término em julho de 2013.

A grande novidade desse ano é a garantia de bolsa do MINC aos participantes que forem selecionados nas provas. Em Campo Grande a prova será na UFMS com a colaboração do Departamento de Artes.

Condições e Documentos exigidos:

1) Nacionalidade brasileira.

2) Ter Idade entre 22 e 29 anos.

3) Preencher e enviar por e-mail a ficha de inscrição para a comissão do local onde fará a prova (O candidato deve levar uma cópia impressa, no dia da prova).

4) Apresentar Certificados legais de estudos que demonstrem que concluiu dois anos de estudos superiores sistemáticos, técnicos ou universitários em qualquer carreira. (Apresentar os Títulos ou Diplomas em fotocópias legais).

5) Responder a duas provas escritas, sendo uma de conhecimentos gerais sobre aspectos culturais e outra da área específica, eleita pelo candidato. Os aprovados passarão também por uma entrevista oral.

6) Apresentar seu currículo impresso.

7) Apresentar Carta de motivação, com não menos que 3 laudas, que justifique seu interesse em estudar cinema. No caso de este texto estar escrito em português, o candidato deve apresentar uma cópia em espanhol.

8) Apresentar um Auto-retrato do candidato, em qualquer suporte, técnica ou formato.

9) Apresentar um Arquivo pessoal (de materiais em cine, vídeo, foto fixa, música, artes gráficas, literatura, teatro, imprensa, etc.) em cuja elaboração haja participado ou desempenhado um papel significativo e criativo, e que seu nome figure nos créditos da mesma.

11) Taxa de inscrição - 40 reais (o pagamento deve ser efetuado em dinheiro, no dia da prova).

12) Entregar seis fotos, tamanho 10x10cm. Uma das fotos deverá ser afixada no local apropriado da ficha de inscrição.

13) Certificado médico de aptidão física e mental.

Os documentos e materiais deverão ser entregues no dia da prova escrita.

Sobre as provas

Cada candidato responderá à 2 provas escritas: uma prova de conhecimentos gerais e uma prova correspondente à especialização que escolheu. Os candidatos aprovados nas provas escritas serão entrevistados no dia seguinte pela comissão julgadora, que realiza uma pré-seleção indicando os melhores candidatos em cada especialização. O Conselho Docente da EICTV, sediado em Cuba, faz a seleção final. Os nomes dos candidatos selecionados para o curso regular 2009-2012 serão anunciados na segunda quinzena de junho.

A matrícula para os três anos tem um custo de cinco mil euros por ano. Forma de pagamento: à vista (em setembro) ou em duas parcelas (setembro e janeiro).

A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura do Brasil firmou um convênio no qual repassa recursos à EICTV, cobrindo a quase totalidade dos custos de matrícula dos alunos brasileiros.

Os estudantes que ingressam no curso regular têm direito a hospedagem em quartos individuais, alimentação, transporte entre Havana e San Antonio de los Baños, assistência médica primária e de emergência, material escolar e produção integral dos trabalhos em cinema e vídeo.

As provas escritas acontecem a partir das 8 h da manhã, do dia 12 de março.

Informações e inscrições:

As fichas de inscrição serão disponibilizadas pela internet através do blog da ACV\MS e dos sites da Associação Curta Minas/ABD-MG (www.curtaminas.com.br), da Página 21 (www.pagina21.com.br), da Cinemateca Instituto Selvino Caramori. (www.instselvinocaramori.org.br), da Associação de Cinema e Vídeo-MS / ABD-MS (acvms.blogspot.com) e BELÉM.

Após o preenchimento, favor enviar por e-mail a ficha de inscrição para a cidade onde você pretende realizar os exames.

Campo Grande / MS candal.abdms@gmail.com
ACV-MS (Candido) – (67) 33068069 / (67) 9608-7066



Realização:

Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte

Centro de Referência Audiovisual de Belo Horizonte - CRAV

Página 21

Instituto Selvino Caramori

Associação de Cinema e Vídeo / ACV-MS

Apoio:

Prefeitura de Belo Horizonte

Associação Curta Minas / ABD-MG

Universidade Católica de Pernambuco

Cinemateca Catarinense / ABD-SC

Universidade Federal de Santa Catarina

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Fundação de Cultura do Estado (MS)

Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande

MINC-Ministério da Cultura.
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UNE de volta para casa - 3 anos

01 de fevereiro de 2010 completa 3 anos da ocupação dos estudantes no terreno pertencente à UNE - União Nacional dos Estudantes, na Praia do Flamengo.
A ocupação

Reunindo milhares de estudantes de todos os estados do país, a culturata da UNE, tradicional manifestação político-cultural, que encerrou a 5ª Bienal da UNE, levou para as ruas do Rio de Janeiro, a memória, o protesto e a reconquista do endereço tirado à força pelo regime de terror, em 1964.

A concentração aconteceu nos Arcos da Lapa, onde bandeiras foram distribuídas e uma grande faixa dependurada. Embalados pela banda afro-carioca Orum Milá, cerca de 10 mil estudantes percorreram as ruas da cidade, relembrando canções da época da resistência ao golpe. Esse vigoroso protesto de 01 fevereiro de 2007, iniciou também, a jornada do CUCA da UNE, na luta pelo investimento de 2% do PIB na cultura e deu início à jornada pela democratização dos meios de comunicação.

Seguindo o percurso rumo à Praia do Flamengo, 132, os estudantes entoavam palavras de ordem e canções que rememoravam a época de resistência à perseguição sofrida pela UNE. No memorial Getúlio Vargas, um dos marcos do museu da República, o ponto de cultura Tá na Rua, grupo teatral do Rio, encenou momentos que marcaram o período, como a morte de Edson Luís, estudante secundarista morto, em 1968.

A chegada da multidão no endereço histórico, foi repleta de calor, tanto dos que participavam, quanto dos que assistiam de longe ou do alto dos prédios ao redor. Moradores tradicionais e antigos vizinhos da região do Flamengo se misturavam aos milhares de estudantes e celebravam a chagada da vizinha UNE, que deixara mais de quatro décadas de saudade.

A partir de então, muitos personagens voltaram a fazer parte daquele endereço. Hoje, a Praia do Flamengo, 132, abriga o espaço do CUCA do Rio de Janeiro e aguarda o início das obras de reconstrução da sede da UNE. Ela abrigará um centro cultural e será novamente um patrimônio de todos os brasileiros.

Assita ao vídeo da CULTURATA


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